1 de jun. de 2010

Os efeitos do 3D no corpo humano

Artigo Interessante retirado do Portal Adrenaline, que explica sobre os efeitos causados pela tecnologia 3D de TVs, suas tendências e projeções para os próximos tempos, o texto é longo, mas vale a pena a leitura.

Filmes e games em 3D são a tendência do momento, certo? Enxergar um mundo digital através daqueles elegantes – ou nem tanto – óculos de lentes espelhadas ou esfumaçadas em três dimensões certamente é uma experiência um tanto quanto divertida. Infelizmente, nem para todo mundo o ato de sentar no cinema para ver Avatar ou na frente de um monitor 3D para jogar Batman Arkham Asylum, é agradável. Há os que sintam dores de cabeça, náuseas e irritações semelhantes, mas devido à falta de informação a respeito desse lado da tecnologia 3D, essas pessoas ficam na maioria das vezes sem entender o que está acontecendo com elas.
Devido ao “boom” do 3D como hoje conhecemos ser consideravelmente recente – pode-se dizer que os primeiros filmes dessa nova safra a utilizarem a tecnologia digital atual chegaram aos cinemas há pouco mais de dois anos -, o número de pesquisadores trabalhando sobre os sintomas citados no parágrafo anterior ainda é relativamente pequeno. Mas, eles existem, e conversamos com alguns deles e pesquisamos materiais acadêmicos e reportagens internacionais na tentativa de esclarecer um pouco o que a Ciência já sabe sobre os efeitos do 3D no corpo humano.




Em reportagens ou materiais publicitários da tecnologia 3D, você já deve ter ouvido falar no termo “estereoscópico”, que descreve os dispositivos utilizados hoje em dia. Pois bem, conforme já expliquei a alguns meses na review do NVidia 3D Vision, o que dá o “efeito 3D” é o envio de imagens diferentes a cada um dos olhos da pessoa, ficando a cargo do cérebro unir as duas de forma coerente. E é claro que isso exige um esforço maior que o necessário para a visão comum, de todos os órgãos envolvidos. É o que diz o Dr. Michael Rosenberg, neuro-oftalmologista que conduz estudos sobre o 3D na Northwestern University, nos EUA:
“No mundo real, a visão em 3D, ou estereopsia, é o resultado de cada olho vendo um objeto de um ângulo sutilmente diferente. No entanto, isso acontece mais quando olhamos de perto, quando nossos olhos têm que converger para formar a imagem. Quando enxergamos à distância, nossos olhos ficam paralelos, e a percepção de profundidade se dá por ‘pistas’ do ambiente. Os filmes em 3D criam uma ilusão apresentando imagens diferentes para cada olho que são separadas se olharmos a olho nu. O 3D surge quando o cérebro funde as duas imagens, e isso exige um esforço mental significantemente maior que o de uma situação normal”.



O que Dr. Michael quer dizer é que, mesmo que os filmes e games em 3D queiram criar uma sensação de imagem mais próxima do real, eles fazem isso de uma forma diferente do que ocorre na percepção de profundidade na “visão normal” do dia-a-dia. A Dra. Deborah Friedman, neuro-oftalmologista na University of Rochester, explica em outras palavras: "As ilusões que você vê em filmes em 3D não estão calibradas da mesma maneira que os seus olhos e o seu cérebro estão durante a visão normal”.



Imagens do game Modern Warfare 2 com o efeito 3D ativado (para visão com óculos especiais) e desativado

Mas não são todas as pessoas que sentem incômodo com o vídeo 3D. Geralmente, isso acontece com quem tem anomalias na retina ou algum desvio nos músculos dos olhos. Isso se dá devido ao esforço que os olhos têm que fazer para compensar a distância entre as duas imagens separadas na tela. Mas não se engane achando que somente pessoas que precisam usar óculos passam por essa dificuldade. Muitas pessoas que têm pequenas deficiências que passam despercebidas no dia-a-dia acabam sentindo os efeitos colaterais em uma sala de cinema 3D porque seus olhos não conseguem fazer o esforço necessário.




O Dr. David Granet, oftalmologista da University of California-San Diego, conta um caso pessoal que exemplifica o que foi dito acima: “Eu fui com meus filhos de nove e 14 anos ao cinema e todos saímos com cansaço nos olhos. Eu tenho uma insuficiência de convergência leve e foi algo bem cansativo” – e complementa: “Isso serve como um teste, especialmente para uma criança. É possível detectar vestígios de anisometropia, estrabismo e ambliopia”.
Ambos os olhos precisam estar em perfeitas condições então para que o efeito 3D seja absorvido sem problemas pelo cérebro. Caso contrário, quando um dos olhos tem alguma alteração, mesmo que pequena, a imagem não estará no foco ideal para que seja formada, o que tem que ser compensado pelo cérebro, causando um esforço a mais – ocasionando as dores de cabeça.



Para esclarecer um pouco mais, vale a explicação do oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do Instituo de Moléstias Oculares (IMO), no Brasil: “Se seus olhos não estão vendo a mesma imagem, seu cérebro tem que fazer muito esforço para mesclar as duas imagens. Em última análise, é o seu cérebro que está fazendo o esforço que causa a dor de cabeça, mas são os olhos que estão criando o trabalho extra para seu cérebro”.

Que a onda do 3D está tomando conta do mercado do entretenimento, não há dúvidas. Segundo levantamento feito pela assessoria de imprensa do Instituto de Moléstias Oculares (IMO), as iniciativas de popularização da tecnologia estão por toda parte. O texto divulgado diz:
“No início deste ano, um canal inglês transmitiu um jogo de futebol em 3-D em TV aberta. Os Estados Unidos fizeram a estréia em abril, com o Master de Golf. A rede de televisão a cabo ESPN também estreará, em junho, o novo canal ESPN 3D, com a transmissão de jogos do mundial de futebol da África do Sul. No total, a rede esportiva vai transmitir 85 eventos em 3D durante o primeiro ano do serviço, enquanto a Discovery, em aliança com Sony e Imax, lançará outro canal, ainda sem nome, para distribuir a cabo e por satélite conteúdo 3D. Os canais Fox e DirecTV anunciaram que terão parte de sua programação pronta para a terceira dimensão, nos EUA, já neste ano. É um sinal do que poderá acontecer por aqui”.
E não é só isso. Sony e Microsoft já anunciaram seus planos de lançar games em 3D para seus consoles Playstation 3 e Xbox 360, enquanto a Nintendo já planeja o lançamento da versão 3D de seu popular console portátil DS. Com a Copa do Mundo, as primeiras TVs com tecnologia 3D começam a chegar ao mercado brasileiro. O próprio James Cameron, diretor de Avatar, já declarou que acredita que o 3D deverá se tornar padrão no cinema e na TV nos próximos anos. E, em meio a tudo isso, surge a pergunta: Há algum risco para a saúde em toda essa tecnologia?
É claro que esse breve artigo não pode dar uma conclusão sobre isso, afinal, como já dizem os juristas, “cada caso é um caso”, além de que seria muito pretensioso e arriscado concluir algo a partir de uma breve pesquisa. No entanto, os especialistas dizem que não há motivo para alarme, mas a atenção com a saúde por aqueles que sentem os efeitos incômodos do 3D não deve ser deixada de lado. Com a palavra, Dr. Michael Rosenberg:
“Além dos sintomas somáticos, eu não acredito que o 3D tenha algum efeito adverso na saúde humana. Eu acredito que as futuras aplicações do 3D serão guiadas por como as pessoas reagem à tecnologia” – e recomenda – “Se a pessoa sentir algum problema, ela deve definitivamente ver um oftalmologista que estará apto a corrigir um defeito de visão ou um desbalanço muscular, permitindo que alguém com potencial para ver em 3D faça uso disso”.
No entanto, Dr. Rosenberg, como um bom médico que se preze, não deixa de alertar os pacientes em potencial: “Eu aconselharia essas pessoas a irem com calma com a TV e os games em 3D, porque eu acredito que imagens menores e movimentos mais rápidos, como em eventos esportivos, podem criar algumas dificuldades, principalmente porque não são conteúdos projetados especificamente para essa tecnologia, como é o caso de filmes como Avatar”.
Já o Dr. David Granet complementa: “As pessoas precisam ficar atentas ao fato de que se elas respondem de forma diferente da maioria à tecnologia 3D, elas precisam fazer um check-up em seus olhos”. Dr. Lionel Kowal, do Royal Victorian Eye and Ear Hospital, na Austrália, vai mais longe e recomenda que as pessoas curiosas com a tecnologia passem de 10 a 15 minutos assistindo a uma TV 3D para testar seus efeitos antes de levar uma para casa.
Portanto, a melhor coisa a esta altura do campeonato (trocadilhos com a Copa do Mundo à parte) é seguirmos a orientação dos especialistas e ficarmos atentos aos sintomas, procurando um oftalmologista capacitado no caso de algum incômodo constante com a tecnologia 3D. Há quem possa usufruir do filme Avatar em toda sua “glória 3D” vencedora dos Oscars de efeitos visuais e direção de arte, além de poder se divertir jogando Modern Warfare 2 com direito aos caprichados efeitos proporcionados pelos óculos especiais. Mas, se você sentiu mais incômodo que prazer com alguma dessas experiências, talvez seja a hora de investigar a causa do problema.



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